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TEATRO NA FEBEM



Em 1976, quando abri inscrições para o TERV, no início do ano, recebi, na Rua Joaquim Nabuco, 20, em Santos, a visita da Professora Odete Tambur Durante. A Professora Odete vinha em nome do Diretor daquela unidade UE-12 "Álvaro Guião" - FEBEM, em São Vicente, Humberto Marini Neto. Eles já conheciam minha forma de trabalhar através da Secretaria de Educação e Cultura de Cubatão. Essa visita tinha como objetivo principal inscrever 3 menores, internos na sua Unidade Educacional: Arnaldo Lopes dos Santos, Lúcio Crispim da Silva e Marcos Charlyns dos Santos. A Professora Odete destacaria uma viatura para Unidade para trazê-los às aulas, na Rua Joaquim Nabuco. É importante informar que os internos da U.E. "Álvaro Guião" não eram menores infratores, mas crianças carentes assistidas pela Fundação Paulista de Promoção Social do Menor. E assim começou meu relacionamento com a FEBEM.
No andamento dos trabalhos, criei um núcleo dentro dessa Unidade da FEBEM. O objetivo era levar até lá o Teatro Educativo, utilizando o amor e a boa vontade das Monitoras do "Álvaro Guião". O sucesso foi tão grande, os resultados tão profícuos, que os próprios diretores da FEBEM, na época, emocionaram-se com nossa (minha e das Monitoras) atuação.
Com a nomeação do Professor Humberto Marini Neto para Diretor da UE "Santa Emília" - FEBEM, no Guarujá (SP), a Professora Odete Tambur Durante assumiu o cargo de Diretora na UE "Álvaro Guião" em São Vicente. Com dois amigos e admiradores à frente das duas Unidades da FEBEM na Baixada Santista eu me sentia à vontade para elaborar projetos para eles. 
Para retribuir meus trabalhos para a FEBEM da Baixada Santista, a Secretaria de Estado da Cultura, Ciência e Tecnologia contratou os meus préstimos. Passei a receber três mil cruzeiros mensais.  
Nesta Unidade haviam menores infratores. Com 15, 16, 17 anos. E foi com esse pessoal que eu trabalhei por algum tempo. Criei um núcleo de Teatro Educativo lá dentro. Os principais objetivos eram de auxiliar a Direção da Unidade na reeducação daqueles jovens. Confesso que no início senti algumas dificuldades quanto ao comportamento deles durante as aulas de Teatro Educativo. Mas, aos poucos, consegui fazê-los gostar do que faziam. Não me davam mais preocupações. Criamos um grupo de jovens solidários. 

Com o passar do tempo, resolvi montar uma peça de teatro com eles. Algo simples, mas que pudesse significar muito para eles. Eu escrevera um texto comemorativo do Dia dos Professores, intitulado O Mestre. Homenagem aos mestres. Reuni-me com o professor Humberto e com Psicóloga e Pedagoga. O grupo era formado por rapazes e, no meu projeto, havia a necessidade de moças. Após algumas considerações, resolvemos convidar meninas parentes dos internos. E não me foi difícil fazê-los conviver com o sexo oposto durante as aulas e ensaios de Teatro Educativo. No meu grupo do "Santa Emília", 13 rapazes e 14 moças aprendiam que o amor a um trabalho, a solidariedade para com os colegas e o respeito às regras de um jogo de vida são os caminhos para a liberdade.
O Mestre, montado pelos internos da FEBEM do Guarujá, apresentou resultados surpreendentes. Levamos o grupo para a sala do prefeito do Guarujá. Também apresentaram-se no mini-auditório do jornal A Tribuna, de Santos (SP), para uma pequena mas emocionada platéia de jornalistas e funcionários daquele órgão da imprensa. 


A convite do Secretário da Promoção Social do Governo de São Paulo, deveríamos apresentar O Mestre em São Paulo, no Palácio do Governo, para todos os Secretários da Promoção Social do Brasil, reunidos na Capital paulista. A princípio, a direção da Unidade elaborou um sistema de segurança a fim de encaminhar os internos para São Paulo. Eu e o professor Humberto conversamos muito sobre isso. Não queríamos que nossos artistas fossem lembrados como infratores. Então, tomei uma decisão drástica. Num ônibus, somente eu iria com eles. Eu me responsabilizava pelo comportamento deles. Ao professor Humberto coube a incumbência de convencer o Secretário da minha decisão. Eu achava que não precisávamos de guardas, nem de Monitores. E assim foi. Subimos a serra em meio a alegria jamais vista. Os rapazes e as moças davam-se as mãos e gritavam a palavra 'sucesso!' várias vezes...
Sou suspeito para falar da repercussão de O Mestre daqueles jovens. Homens de gravata, mulheres com ricos vestidos, todos quedaram-se às emoções daqueles momentos. Houve quem estragasse sua maquiagem. Houve quem molhasse seu lenço. E, após o demorado aplauso de uma importante platéia, os meninos e meninas daquele grupo, de mãos dadas, gritaram com toda a força de seus corações: SUCESSO!
Terminada a apresentação e os abraços e beijos, fomos a um restaurante almoçar.  Almoçaríamos eu e eles, o meu grupo. Uma longa mesa... Salada. Arroz, feijão, batatas e frango assado, entre outras coisinhas. Comíamos e conversávamos sobre a peça, sobre a apresentação. Num dado momento, observei que um dos rapazes colocou um osso do frango num dos bolsos de sua calça, disfarçadamente. De maneira sutil, para que ninguém visse. Perguntei-lhe por que fazia aquilo. "Eu não sei onde coloco os ossos... Acho que é feio colocar eles em cima da mesa..." - respondeu-me enrubescido.  Expliquei-lhe que não era falta de educação colocar os ossos do frango num canto do prato. Então, para minha total surpresa, todos tiraram ossos dos bolsos para colocá-los num canto de seus pratos.
Obrigado, eterno amigo Humberto Marini Neto. Que Deus o tenha ao Seu lado.

 
 


2 comentários:

  1. Bom eu fui interno da febem do guaruja e depois transferido para a febem de sao vicente na praia das vacas justamente nos nos 1975/76 essas duas unidades da febem nao eram ruins eu estudava e aprendia um oficio a de guaruja inclusive tinha os portoes abertos eu sempre ia a praia ou passear no centro desde de que eu cumprisse meus deveres eles nao dizian nada tenho saudades daqueles tempos a direcao das duas unidades eram muito bons para os internos nos ajudavam muito meu nome e luiz c leme

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  2. Bom eu fui interno da febem do guaruja e depois transferido para a febem de sao vicente na praia das vacas justamente nos nos 1975/76 essas duas unidades da febem nao eram ruins eu estudava e aprendia um oficio a de guaruja inclusive tinha os portoes abertos eu sempre ia a praia ou passear no centro desde de que eu cumprisse meus deveres eles nao dizian nada tenho saudades daqueles tempos a direcao das duas unidades eram muito bons para os internos nos ajudavam muito meu nome e luiz c leme

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